29 JAN 2013 - PNEWS 78 - José Carlos Cabral 29
ABR representa o segmento em painel setorial do Inmetro sobre pneu reformado para moto
 
O Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial realizou no dia 26 de novembro, um Painel Setorial sobre os pneus reformados para motocicleta. O encontro aconteceu no Auditório do Centro Operacional do órgão, em Xerém, no Rio de Janeiro, e foi dividido em módulos, tendo como palestrantes Alexandre Moreira, Diretor Técnico da ABR; Caio Chiomento, Especialista em ensaios de pneus e membro da Comissão Técnica do Inmetro, Laboratório de ensaios acreditado pelo Cgcre/Inmetro (VIPALTEC); Alfredo Lobo, Diretor da Qualidade (Inmetro/Dqual); Milton Walter Frantz, diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e outros representantes de entidades dos segmentos de pneus e de motos.
 
Painel
O Painel Setorial Inmetro – Pneus Reformados para Motocicleta foi dividido em seis módulos: Contextualização sobre o Painel Setorial, representado pelo Inmetro; Visão dos Reformadores (ABR); Visão do Fabricante (ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos); Visão do Fabricante de Motocicletas (Abraciclo - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares); Visão do Laboratório (VIPALTEC) e Visão do Regulamentador (Denatran). A abertura ficou a cargo de Alberto Lobo, enquanto a Mesa Redonda e agenda de entendimentos foi comandada por Gustavo Kuster, ambos representantes do Inmetro.
 
Os Painéis Setoriais são encontros temáticos com os setores privado, público e acadêmico, que visam discutir sobre a qualidade de produtos e serviços ofertados ao consumidor. De acordo com o Inmetro, o objetivo é identificar as necessidades e prioridades para suas atividades no campo de metrologia científica e industrial, através de amplas discussões. No encontro que debateu o pneu reformado de moto não foi diferente, pois todos os lados envolvidos na questão convocados pelo órgão foram ouvidos.
 
Apresentações
Na sua palestra, Alexandre Moreira iniciou os trabalhos apresentando um perfil da ABR como principal instituição representante do segmento no país e seus objetivos. Mostrou números do setor e explicou passo a passo, com imagens e dados técnicos, o processo de reforma de pneus de motos e todos os testes de segurança já realizados - desde o primeiro nos Estados Unidos, em 2004, até as recentes avaliações de agosto e setembro no laboratório acreditado pelo Inmetro, o Instituto LAB System de Pesquisas e Ensaios – ILSPE, e os testes de dirigibilidade em campo do Instituto Mauá de Tecnologia, na pista do ECPA (Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo).
 
O diretor concluiu afirmando que o pneu reformado de moto é seguro, cuja regulamentação pode garantir um padrão de qualidade, partindo da Portaria que regulamenta o pneu de moto novo para criar regulamento para o reformado. Destacou ainda um importante depoimento divulgado pelo Departamento de Segurança do CET - Companhia de Engenharia e Tráfego: “Não há nenhuma estatística que aponte pneus remoldados ou pneus novos como causa dos acidentes em São Paulo”.
 
O presidente da ABRAM (Associação Brasileira de Motociclistas), Lucas Pimentel, foi convidado para a apresentação da ABR na audiência do Inmetro. Segundo ele, existem empresas com condições técnicas e responsabilidade para fazer a remoldagem de pneus para motocicletas, fato constatado em visitas a reformadoras. “O que somado ao fato de que entre os nossos 44 mil associados nunca obtivemos registro de ocorrências de problemas com pneus remoldados usados em motocicletas”, manifestou Pimentel. “Nós da ABRAM, que temos o foco na segurança do motociclista no trânsito, o que passa pela segurança pessoal, veicular e viária, somos a favor da remoldagem de pneus de motocicleta, entretanto, entendemos necessário que haja uma certificação das empresas a fim de garantir a uniformização dos procedimentos, no que diz respeito a instalações, maquinário, matéria prima e processos”, concluiu.
 
O diretor do Denatran falou em sua palestra sobre uma possível regulamentação. Segundo Milton Walter Frantz, “ocorrendo manifestação concreta do laboratório atestando a segurança do pneu reformado de moto, a regulamentação deverá no mínimo prever os requisitos que permitam a garantia de conformidade; definir a rastreabilidade; além de identificação/marcação do produto e da condição de reforma e identificação do responsável técnico, civil e criminal pela reforma”.
 
Testes
Já Caio Chiomento detalhou a avaliação da performance do pneu reformado em laboratório. O representante da VIPALTEC falou sobre os métodos dos testes comparativos indoor (velocidade sob carga forçados) e outdoor (rodagem em empresas de moto frete de três estados); com amostragem composta de pneus 90/90-18 e 2.75-18 de dois diferentes fabricantes, cujo processo de reforma foi acompanhado integralmente.
 
Nos testes indoor, ensaios conforme a Portaria Inmetro 083/2008, o especialista mostrou que foram testados 72 pneus, dos quais 60 novos e 12 reformados de cada medida, e nenhuma falha foi verificada. Nos ensaios forçados, por sua vez, 52 pneus (40 novos e 12 reformados). Os testes indoor tiveram a participação de empresas de São Paulo (Itaim Express e Lig Moto); Goiás (COOPMEGO) e Rio Grande do Sul (Polartica e L.F. de Oliveira).
 
Conforme Chiomento, os testes concluíram que nenhuma ocorrência ou dano com perda foi registrado em relação aos pneus utilizados. Além disso, todas as amostras (novas e reformadas) ensaiadas foram consideradas aprovadas no ensaio de velocidade sob carga de 1h (base Portaria 83); nenhum pneu apresentou falhas estruturais como quebra de talão, soltura da banda, separação, emenda aberta etc; não foram percebidas diferenças significativas entre pneus novos e reformados quanto a performance em geral (dirigibilidade, aderência, conforto, frenagem); a rapidez do desgaste sugere que o pneu usado poderia rodar mais de uma vez dentro de sua vida útil; os resultados sugerem que o pneu usado, bem reformado, pode rodar, pelo menos, mais uma vida. Também relatou que os usuários das empresas elogiaram a performance dos pneus, inclusive manifestando interesse na compra dos modelos testados, apontando ainda a boa aderência e o conforto tanto em piso seco quanto em piso molhado e o baixo índice de furos durante sua vida útil.
 
Segurança
Para a ABR, os depoimentos demonstraram que, tanto tecnicamente como no plano prático, não se tem notícias de que uso do pneu reformado de motocicletas tem implicado em diminuição do fator de segurança no tráfego com motos. Ou seja, não se tem qualquer elemento para fazer qualquer diferenciação de uso entre os pneus novos e reformados.
 
O Assessor Técnico da ABR, Carlos Thomaz, acredita que órgãos governamentais como Denatran, CET e o próprio Inmetro mudaram seus conceitos quanto à qualidade dos pneus reformados de motos com o Painel Setorial. “Ficou evidente que se comprovou que o pneu reformado de moto é seguro. Nenhum dado dos oponentes provou o contrário. A ABR sempre estará disposta a agendar reuniões com todas as autoridades possíveis para levar o conhecimento sobre o tema”.
 
VEJA a matéria da Revista PNEWS 78. Págs 40 e 41.
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