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Segurança em foco!

Aumento de roubo de cargas no País precisa de um basta. Conheça mais sobre este problema que afronta o Brasil


No mês de maio, a Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística – NTC divulgou os números do roubo de carga referentes ao ano de 2017. E os índices comprovam o que o mercado já sentia na prática: de 2016 para 2017 houve um aumento de 9,7% no número total de ocorrências. Um índice significativo, principalmente se considerarmos que, de 2015 para 2016, o aumento já havia sido assustador, batendo na casa dos 13%. Números que colocam o País no incômodo primeiro lugar do ranking de roubos de carga na América Latina, com aproximadamente três cargas roubadas por hora, e oitavo em todo o mundo.

Mas apesar de o tema estar mais em foco ultimamente, em especial no Rio de Janeiro e São Paulo, estados onde o crime vem assumindo números alarmantes, as ocorrências estão em crescimento em todo o País há pelo menos duas décadas.

É o que explica o Cel. Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da NTC. “Nestes últimos 20 anos, tivemos 257 assassinatos de trabalhadores do transporte, vítimas do latrocínio, que é o roubo seguido de morte, o que vem gerando prejuízos humanos e econômicos incalculáveis para o setor.”

O assalto a um caminhão carregado de cargas vai muito além do prejuízo material. O motorista que passa por uma situação limite como esta precisa de todo um trabalho de auxílio psicológico para voltar ao trabalho, e, muitas vezes, alguns preferem até mesmo abandonar a profissão.

“Números como os do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, já estão causando a recusa de algumas transportadoras e motoristas de levarem determinados produtos para lá”, revela o Coronel.

Gastos com segurança

É claro que os gastos das transportadoras causados pelos roubos não se limitam aos da ajuda psicológica aos motoristas que passaram por ocorrências. Estimativas afirmam que medidas de segurança, tais como rastreamento, seguros, gerenciamento de risco e escolta, chegam a comprometer aproximadamente 20% do faturamento das transportadoras, o que acaba reduzindo uma margem de lucro já bastante apertada.

O coordenador da comissão de transportes e cascos marítimos do Sindicato das Corretoras de Seguro de São Paulo (SINCOR-SP), Ricardo Labatut, afirma que, para as seguradoras, o crescimento do roubo de cargas traz a inevitável consequência do aumento dos valores cobrados pelas seguradoras. “É evidente que, com o aumento do risco, o seguro amplia seu preço, e este valor acaba sendo repassado para os produtos. Ou seja, em última análise, quem realmente paga a conta é a sociedade”, reitera.

Para Fábio Silva Cunha, diretor de negócios da Datamex, empresa que atende às transportadoras em todo o Brasil e Mercosul, implantando Sistemas de Gestão de Transporte (TMS), Controle de Pneus, Gestão de Frotas e Gestão de Armazéns (WMS) e Aplicativos Móveis para Controle de Coletas e Entregas, um sério problema que contribui para o considerável aumento das ocorrências e do nível de especialização das quadrilhas focadas em roubo de cargas é a legislação branda aplicada a quem pratica tanto os crimes de roubo como de receptação de cargas roubadas, o que tem levado muitos criminosos a migrarem de outros tipos de crimes para o roubo de cargas.

“O Brasil precisa urgentemente de leis mais severas para punir tanto quem rouba quanto os receptadores de cargas roubadas. Esta seria uma ótima medida para ajudar na repressão dessa prática criminosa.”

A análise é compartilhada pelo Cel. Souza, da NTC, que afirma que há dados da Polícia Civil que indicam que o roubo de cargas financia a compra de armas e drogas, sendo a base do crime organizado no País. “A intervenção federal no Rio de Janeiro tem como um dos focos o roubo à carga, mas até agora não vimos um plano ativo do poder público para conter este problema.”

Prevenção e tecnologia

Enquanto o estado não faz a parte que lhe cabe ao garantir a segurança pública, cabe às empresas de transporte investirem em prevenção. Eduardo Araújo, diretor de logística da ABC Cargas, transportadora com sede em São Bernardo do Campo, em São Paulo, comenta que esta é a única saída para, pelo menos, minimizar os prejuízos. “Para nós, só resta investir na prevenção porque a solução mesmo do problema passa por um trabalho de inteligência da polícia. As quadrilhas são altamente especializadas. Para se ter uma ideia, recentemente, tivemos um caminhão roubado e, por meio dos nossos sistemas de monitoramento via satélite, em três horas já havíamos localizado o veículo. Mas quando a polícia chegou ao local, o caminhão já estava totalmente desmontado. A rapidez das quadrilhas é impressionante”, revela.

Mas como não existem soluções de prevenção mágicas, os especialistas consultados são unânimes em apontar algumas medidas essenciais para reduzir o problema. São elas:

– Um bom processo de seleção de colaboradores: ajuda a evitar problemas de facilitação interna e fornecimento de informações privilegiadas para as quadrilhas.

– Programas internos de treinamento e conscientização: dão a visão necessária para que os funcionários da transportadora possam identificar e evitar situações de risco.

– Emprego de rastreadores modernos com tecnologia anti-jamming: as quadrilhas têm utilizado bloqueadores de sinal, os jammers, para interromper tanto a recepção do sinal de posicionamento do satélite como a transmissão de posição e informações para a central via rede de telefonia celular, obrigando as transportadoras a investirem em novas tecnologias, a fim de garantir um maior nível de segurança.

– Consulta de todos os motoristas terceirizados junto a gerenciadoras de risco: consultar antes de contratar para realizar um frete pode contribuir para evitar a contratação de motoristas que apresentem perfil incompatível com os requisitos e normas da empresa e do embarcador, portanto é recomendável.

– Utilização de sistemas de gestão de manutenção de frota: manter a frota com suas manutenções sempre em dia e com pneus em boas condições de rodagem contribui bastante para evitar paradas indesejadas e não programadas no itinerário da viagem, minimizando a exposição do motorista e da carga ao risco de uma ocorrência de roubo.

Além disso, a utilização de sistemas de gestão de manutenção de frotas é essencial. Isso porque, se utilizados corretamente, eles ajudam a evitar panes e paradas não programadas, já que um veículo com as manutenções preventivas e revisões em dia, com pneus em boas condições de rodagem, com documentação em dia e com os checklists pré-viagem feitos, não precisará parar fora dos locais seguros programados, ficando menos expostos à ação das quadrilhas.

“Outro importante aliado no combate aos roubos de cargas é o processo de monitoramento das coletas e entregas através de aplicativos móveis específicos para esta finalidade. Neles, o motorista vai informando à base da transportadora via APP todos os eventos, em tempo real, tais como: saída para coletar, chegada no cliente, aguardando em fila, carregado, saindo para entrega, parada para descanso, entrega com sucesso, e outros. E, no caso de algum evento não acontecer dentro do prazo previsto, a central de apoio da transportadora poderá averiguar a situação, conferindo o rastreador, tentando contato com o motorista e, se necessário, acionando seguro e autoridades policiais”, complementa Fábio da Datamex.

Inteligência artificial

Sempre na busca por novas soluções para melhorar o gerenciamento de cargas e, consequentemente, inibir o roubo, a Cobi, empresa brasileira que atua na gestão de frotas, vem utilizando a inteligência artificial para auxiliar gestores a terem uma operação logística mais eficiente e segura.

A empresa, que foi considerada a melhor startup do mundo pela renomada Universidade de Harvard, oferece um sistema capaz de fornecer, em tempo real, mais de cinco mil informações sobre o veículo. Por meio de inteligência artificial, a empresa monitora e entrega relatórios que avaliam a logística, rastreamento de veículos, roteirização e acompanhamento do modo de condução dos motoristas.

“Estamos desenvolvendo agora um produto totalmente novo que, em tempo real, vai traçar a rota para o motorista, considerando, inclusive, áreas de risco”, complementa Rodrigo Mourad, sócio da Cobi.

A verdade é que, enquanto o problema da violência não for resolvido, resta ao setor trabalhar, com o objetivo de minimizar prejuízos, tanto materiais como em vidas humanas. “Este é um problema de toda a sociedade e não somente do nosso segmento”, finaliza Eduardo Araújo, da ABC cargas.



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